Estamos nas oitavas de finais da Copa do Mundo de Futebol, que neste 2010 esta sendo realizada na África do Sul.
Pós apartheid, tem-se uma noção mais exata das grandes diferenças sociais ali existentes, e do longo caminho a ser percorrido pelo povo africano na busca de uma nação mais democrática e inclusiva.
Excluindo-se o regime político e outras peculiaridades culturais, não temos muitas diferenças nas outras nações do terceiro mundo, inclusive no Brasil.
Voltando a Copa do Mundo, onde rareia o futebol de qualidade, temos dois destaques, a meu juízo extremamente negativos: as vuvuzelas e as jabulanis. As vuvuzelas, cornetas artesanalmente produzidas no país africano, são tocadas insurdecidamente do inicio ao fim dos jogos, independente das equipes ou resultados, produzem 127 decibéis, o que ocasionam sons prejudiciais a saúde auditiva.
Já as jabulanis, denominação dada a velha e conhecida bola de futebol, embora desenvolvida pela consagrada Adidas, obteve reprovação dos que a utilizam como ferramenta de trabalho, os melhores jogadores do mundo.
É um tremendo paradoxo, no maior evento midiático do mundo, os dois assuntos mais comentados não são o futebol e a integração, e sim as vuvuzelas e as jabulanis.
Quais serão os destaques da próxima competição, que será realizada aqui no Brasil?
Bem, isso é conosco, porem registro que as vuvuzelas já andam por aqui, o que é um péssimo começo.
Os fundadores da Academia Francesa, escritores dos séculos 17/18, que eram então os grandes escritores do mundo, chamavam-se a si mesmos de imortais, o que à época parecia a alguns críticos, já existentes, um certo grau de vaidade, presunção.
Não concordo, tanto é verdade que muitos deles permanecem “vivos”, imortais por suas obras.
Quando tomei conhecimento da morte do Grande Escritor Português, Jose de Sousa Saramago, senti aquela estranha sensação de uma tristeza suave, tranqüila. Embora com o desconforto da notícia, como admirador da sua obra e mais, do seu protagonismo social e político, considerando seu estado de saúde, digo descansou.
Como o mundo inteiro tem falado de Saramago nestes tres últimos dias, que obra, que vida, que história maravilhosa. Nascido em Azinhaga, o ribatejano Jose de Sousa, filho de “camponeses sem terra”, como ele mesmo definia, ganhou o “Saramago” do funcionário do registro civil, sem que ninguém assim o instruísse, numa homenagem a planta que dava de comer aos pobres da região.
Exerceu inúmeras atividades até conseguir viver só da literatura, teve a filha Violanta do seu primeiro casamento, já que o amor de sua vida só veio a encontrar com mais de 60 anos, ao lado da Jornalista espanhola Pilar Del Rio, com quem viveu até a morte.
Primeiro e único Nobel da Literatura Portuguesa, José Saramago nunca deixou de falar o que pensava e sentia, e isso lhe custou muitos desafetos, inclusive o atual Presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, que lhe chamavam de incendiário e arrogante.
Aqueles que desfrutaram da sua convivência negam com veemência essas avaliações, afirmam que José só tentava, dentro do possível, melhorar o mundo por meio do impacto que as suas opiniões poderiam ter naqueles que as ouviam. São unânimes em afirmar que se tratava de criatura doce e simpática, dotada de excelente humor.
Na realidade as pessoas tendem a confundir timidez com arrogância, o próprio Saramago dizia sobre o tema: “Não tenho culpa da cara que tenho”, atribuindo essa fama a sua feiúra.
Finalizo este artigo repetindo uma de suas frases antológicas, que deixa claro aos que pouco o conheciam, o verdadeiro “estilo saramaiguiano”: “No fundo, não invento nada, sou apenas alguém que se limita a levantar uma pedra e a pôr à vista o que está por baixo. Não é minha a culpa se de vez em quando me saem monstros”.
Esse é o José de Sousa Saramago, que por sinal, VIVE.
O nosso amigo e correspondente na Escandinávia, Guilem Rodrigues da Silva, foi homenageado, dias atrás, em Paris com a medalha da Academia de Artes, Ciências e Letras da Capital Francesa.
Na ocasião, com a comenda da Ordem de Silva Paes colgada ao pescoço, Guilem esteve acompanhado do cantor e compositor Martinho da Vila e do cineasta Neville D’Almeida, também distinguidos pela Academia Parisiense.
No Brasil ainda passamos por situações como as vividas pelos pobres camponeses da época do poderoso Império Romano.
Vejamos, lá na Roma antiga com o crescimento da população urbana, conseqüência da escravidão na zona rural, surgiram revoltas e manifestações pela falta de trabalho e melhores condições de vida.
Espertamente, os Imperadores criaram a política do “Pão e do Circo”, título do artigo, que consistia em promover diariamente lutas de gladiadores nos estádios, ocasião em que eram distribuídos alimentos (trigo e pão). O objetivo era alcançado já que ao mesmo tempo em que distraiam e alimentavam o povo, arrefeciavam-lhes o sentimento de revolta com a situação vivida.
Foram tantas as festas que no auge do Império o calendário romano chegou a ter 175 feriados por ano.
Pois bem, estamos na primeira semana da Copa do Mundo de 2010 e o Brasil está à meia boca, quase parando. Bancos, escolas, universidades, repartições públicas, todos com horários especiais, desconsiderando os não fanáticos por futebol e, principalmente, os que necessitam desses serviços indispensáveis.
Sou esportista e desportista, adoro futebol, mas convenhamos transformar a liberação do trabalho quase como um direito adquirido é vergonhoso, especialmente para a maioria dos brasileiros a quem são sonegados direitos fundamentais, como por exemplo, a saúde.
Defendo que se liberem televisores nos locais de trabalho quando os jogos forem realizados nos dias de semana e, nas finais, se lá chegarmos, aí sim um ponto facultativo, um horário diferenciado.
Gosto de festa, mas quando patrocinada pela iniciativa privada, mas não vejo o menor sentido de que o oficialismo, nos tres níveis, tome essa posição, cheira a oportunismo, interesse.
Conheci a pouco mais de um mês a advogada e Defensora Pública Estadual Fabiane Lontra.
Na ocasião participou do nosso programa de rádio “Nativa Debate” tratando de assuntos relacionados a sua atividade profissional.
Ficamos na ocasião, eu, o Valdomiro e o Delamar, encantados com a sua fluência e capacidade de comunicação.
No dia seguinte lhe enviei um e.mail convidando-a a participar, uma vez por semana, respondendo questionamentos de ouvintes sobre direitos fundamentais das pessoas, dando uma amplitude ao seu trabalho diário na Defensoria.
Como não obtive resposta (era o tal problema da internet que ela se refere abaixo) resolvi passar na Defensoria Pública e lhe fazer, pessoalmente, o convite.
Aceito de pleno começamos a contar com sua brilhante participação, não como inicialmente proposto, mas de maneira permanente, diária, como titular.
Hoje apresento-a aos nossos amigos do Blog do Alfaro, como nova colunista, para nos ajudar a empurrar o trem.
Seja bem vinda Fabiane!
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.