Semanalmente, faça chuva ou faça sol, tenho compromisso com os espaços midiáticos e, principalmente com os que me leem e escutam. Exponho em artigos e crônicas as minhas ideias, posicionamentos e sentimentos, que ultimamente, em função do momento que vivemos, têm se caracterizado por um viés político.
Nesta semana, em que pesem os milhares de motivos para continuar na mesma temática, o coração me levou para uma homenagem a um homem que orgulha a nossa gente, pelo exemplo de vida que nos proporciona.
Antes, vou contar brevemente a história de um menino, caçula de uma família classe média, composta por um casal e oito filhos, que residiam aqui em Rio Grande/RS, com todas as condições de levar uma vida modesta, mas honrada, considerando os parâmetros sociais e econômicos da década de 50.
O destino, às vezes surpreendente, de inopino, num daqueles dias para serem esquecidos, ceifou do seio dessa família o jovem e futuroso patriarca e mantenedor da família, deixando a viúva com a prole, todos menores, composta de quatro meninos e quatro meninas. A vida, como sempre, continuou, tal qual o tempo, que sempre continua.
Cinco anos depois, mais uma tragédia, faleceu a Mãe, coincidentemente, com a mesma idade que havia falecido seu marido, 44 anos. Imagine, em qualquer contexto, o desarranjo em que se viu metido esse núcleo familiar, sem pai e mãe, todos menores.
Esse menino, objeto desta homenagem, perdeu o pai aos três meses de idade e a sua querida mãezinha, da qual guarda tênue lembrança, aos cinco anos. Pessoalmente, o conheci na adolescência, quando aos domingos, pela manhã, atuávamos nas equipes infantis do Ipiranga Atlético Clube. Não fomos colegas de colégio e nunca nos visitamos, convivemos por alguns anos sem saber absolutamente nada um do outro, focados apenas nas competições em que participávamos.
Registro que só tomei conhecimento dessa saga vivenciada por essa família no dia de hoje, 23 de outubro de 2013, em contato com a Professora Maria de Lourdes Santos Cruz Abreu, irmã desse meu colega. Ela que com apenas 13 anos, assumiu a responsabilidade da casa, da orientação e educação de todos os irmãos, menores do que ela. Posteriormente, ao completar 18 anos, assumiu juridicamente como tutora.
Desse jovem que deixou a cidade com 14 anos, aprovado em seleção para o Colégio Militar, só tive noticias há poucos anos, já na posição de General do Exército Brasileiro, quando chefiava a MINUSTAH da ONU, na estabilização do Haiti. Carlos Alberto dos Santos Cruz desafiou o destino, surprendeu-o, óbvio que com a participação inestimável da sua querida irmã-mãe, Maria de Lourdes. Atualmente, o General Santos Cruz é o Comandante da Missão de Paz da ONU, na República Democrática do Congo, onde chefia mais de 20.000 homens de 14 países diferentes.
Dias atrás, o Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, em homenagem realizada no Palácio Piratini, outorgou-lhe a Medalha do Ponche Verde, no Grau Grã-Cruz, reconhecendo, em nome dos gaúchos, a trajetória brilhante desse Grande Guerreiro.
Para um país que precisa de exemplos, aí está o nosso querido conterrâneo. Cada dia mais focado nas suas atribuições e missões, cada dia mais solidário e humilde, deixando por onde passa um rastro brilhante de esperança e confiança no nosso Brasil, no nosso povo.
Originário na Alemanha, na década de 1970, o ativismo Black Bloc tem seguidores em diversos países. Não é uma organização única, podem, por exemplo, em uma manifestação ou protesto atuarem vários grupos com modos de ação e interesses diferentes.
O movimento Black Bloc ou Bloco Negro, numa simples tradução, tem sua ideologia baseada no questionamento à ordem vigente. Geralmente se manifestam contra o capitalismo e a globalização e têm entre seus militantes expressiva parcela de anarquistas.
A adoção de máscaras e roupas pretas tem como objetivo dificultar a identificação por parte das autoridades e também cria entre o grupo uma sensação de conjunto e união, tal qual uma torcida organizada.
Pois bem, após estes esclarecimentos sobre o modus operandi desses grupos, onde entra a tal “esperteza do governo”, levantada no título do artigo, e qual a vinculação com Brasília? Ocorre que, após os protestos e manifestações espontâneas de 17 de junho de 2013, o Governo surpreendeu-se com as pautas levantadas, considerando, particularmente, as consequências eleitorais, já que surfava em pesquisas de avaliações positivas.
O MPL – Movimento Passe Livre, organizado em diversas capitais e que foi o percussor dos movimentos, ganhou a companhia de diversas outras demandas e reivindicações, com questões muito mais contundentes como saúde, educação e, principalmente, o descontentamento geral com os gastos excessivos e incontrolados com a Copa do Mundo e com o crescimento vertiginoso da corrupção, em todos os níveis de Governo.
O “Basta de Corrupção”, com destaque aos mensaleiros do PT, e os imediatos resultados negativos das avaliações do Governo e da própria Presidente Dilma Rouseff, fizeram com que o “núcleo forte” do Governo, que inicialmente fez “ouvidos moucos” ao clamor das ruas, logo após tentasse solidalizar-se para, em seguida, apresentar propostas de soluções mirabolantes para todos os problemas. Inexitosos nessas estratégias, resolveram, na cara dura, se apropriar da iniciativa, como demonstram os discursos e propagandas políticas veiculados nos últimos dias.
O que intriga e nos faz levantar essa possibilidade de envolvimento político-partidário nessa nova onda de depredações e ataques aos patrimônios públicos e privados é o pouco interesse oficial na debelação dos mesmos, que continuam cada vez maiores e mais abusados. O crescimento desenfreado da baderna teve como consequência primeira o afastamento da cidadania, até então esperançosa de que poderiam ser escutados. O Governo e a Presidente da República, os mais atacados em junho, já começam a recuperar seus índices de aprovação sem que absolutamente nada de concreto tenha ocorrido. Que milagre terá ocorrido para a reversão do quadro de insatisfação geral, já que nem as demandas foram atendidas e as denúncias de corrupção continuam a todo vapor? – Nenhum. Isso nos leva a deduzir que o controle das ruas através dos Black Blocs alcançou os seus objetivos, que eram os de afastar, através da imposição da violência e do medo, a população dos protestos e manifestações.
Qual de nós hoje se sente seguro e confortável para, de maneira descontraída e até lúdica, fazer o seu protesto junto com a família? E quem leva vantagem com esse amordaçamento cívico e social? Encontrando resposta a esta indagação, você estará descobrindo a quem interessa esse estado de beligerância que já estamos vivendo.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.