O Rio Grande do Sul e o Brasil ainda estão perplexos com a divulgação, 24h atrás, do responsável pelo assassinato em série de seis motoristas de táxi, nas cidades de Santana do Livramento e Porto Alegre.
Pela exiguidade do tempo e por se encontrarem em andamento as investigações, quem se atreve a escrever sobre o fato corre o risco de cometer desatinos, não obstante, confesso que me atraem esses desafios, vou arriscar.
Com perfil no Facebook, 21 anos de idade, boa aparência, vindo de família de classe média, Luan Barcelos da Silva em nada se diferencia dos nossos filhos e dos amigos dos nossos filhos. Essas características fazem com que os formadores de opinião, entre os quais me incluo, fiquem fazendo todo o tipo de conjectura sobre o que levaria um jovem, sem os pré-requisitos convencionais, a cometer tamanha barbárie.
Sabe-se que foi criado pelos avós, que mentia sobre a sua formação cultural e que foi excluído do Exército, quando prestava serviço militar, por indisciplina, e que não tem antecedentes criminais. Nota-se que se precisássemos classificar estes “pecados”, todos ficariam entre os veniais, pela sua desimportância.
Com relação aos assassinatos em série, também os EUA lideram as estatísticas, com 5% da população mundial, a nação mais poderosa do mundo produz 84% de todos os casos conhecidos na tipologia, o que a meu ver deve-se mais à competência da sua polícia em esclarecer crimes do que outra dedução qualquer. Lá são desvendados de 80% a 90% dos crimes praticados e aqui no Brasil, apenas 8%, sendo que os esclarecidos através de investigações perfazem 2% dos casos. Esses números falam por si mesmos.
No caso em discussão, o criminoso enquadra-se na categoria dos desorganizados, já que não teve preocupação alguma em esconder a autoria, tanto que os telefones celulares roubados das vítimas foram distribuídos e continuaram sendo usados por familiares do assassino e por ele próprio, o que representa, sem tirar o mérito do trabalho policial, uma confissão explicita.
Além da covardia repugnante de ter matado pelas costas, com tiros fatais na cabeça todas as vítimas indefesas, a justificativa de que o objetivo dos latrocínios era o de saldar pequenas dívidas deverá ser esclarecida nos próximos dias. É inconcebível, considerando as condições intelectuais do bandido que ele fosse buscar no extermínio de taxistas, profissão de parentes seus, recursos para fazer frente a esses tais compromissos, tanto que apurou com toda essa chacina menos de mil reais.
Claro que nas próximas horas serão descortinadas algumas razões, não para explicar os crimes, mas para tentar entender o que pode levar um ser humano a tamanha crueldade. O médico do Instituto Psiquiátrico Forense (IPF) de Porto Alegre, psiquiatra Miguel Adad, sobre o fato, disse: “Aqui temos diversos pacientes que cometeram crimes com uma frieza emocional terrível, mas eles praticaram um crime. Essa sequência de seis assassinatos chocou”.
O mais lógico é atribuir toda essa barbárie a um provável perfil psicopatológico do assassino ou tentar amenizar com quadros pretéritos na vida do assassino, tais como abandono, maus tratos ou abuso sexual. Fico com a constatação a que chegou Maquiavel, lá por volta de 1513, coincidentemente há exatos 500 anos, quando afirmou: “O homem é mau por natureza”. É duro, mas é o que se constata em quase todas as incursões humanas, onde o mais importante do que ser é parecer. O serial killer da fronteira parecia ser um bom moço.
O Partido dos Trabalhadores finalmente tirou a máscara. Na sua última reunião do Diretório Nacional em Fortaleza/CE, realizada nos dias 1 e 2 de março de 2013, deliberou que a “Democratização da mídia é urgente e inadiável” e que não existem mais motivos para ficar fazendo de conta nesta questão. Paralelamente, a Central Única dos Trabalhadores-CUT, decidiu, coincidentemente, que as comemorações pelo “Dia do Trabalho”, no próximo dia 1º de maio, vai ter como tema central a democratização da mídia.
Na mesma direção, o Governador do RS Tarso Genro, no Fórum da Igualdade, evento paralelo ao Fórum da Liberdade, criticou a ausência de diversidade de opinião no atual sistema midiático brasileiro e o processo de ideologização das notícias. Mais uma vez o Governador Gaúcho usou de estratégia conhecida para tentar vender a ideia de um consenso a respeito da “necessidade de um controle social” sobre os órgãos de comunicação, ensinada por Lênin, quando este sugere “acusar o inimigo de tentar fazer exatamente aquilo que VOCÊ quer fazer”.
Vejam que o retorno a esse tema é mais uma demonstração clara de que o petismo, no poder a 10 anos, tentará, através de segmentos mais sectários e retrógrados, emplacar o sonhado controle da mídia, tão em voga e já em plena atividade nas Republiquetas Bolivarianas da Venezuela, Equador, Nicarágua, Bolívia e Argentina, entre outras.
Além da reação de todos os segmentos democráticos do País, aos quais nos aliamos, nota-se que no âmbito do próprio governo o consenso está cada vez mais longe, tanto que o Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, é publicamente acusado de ter pulado o muro. Que ele não mais representaria os interesses do partido e nem da sociedade (?), mas das teles e dos grandes negócios no ministério. Na mesma avaliação, só que de forma dissimulada, em função de controlar a chave do cofre e a caneta das nomeações, a Presidente Dilma, inquieta os petistas com o seu desalinhamento ao projeto.
Como estamos ideologizando a discussão, utilizo como argumento, para embasar o que defendo e acredito o que Karl Marx, ídolo de respeitáveis células petistas, disse sobre o papel do jornalista numa sociedade livre: “A função da imprensa é ser o cão de guarda público, o denunciador incansável dos dirigentes, o olho onipresente, a boca onipresente do espírito do povo que guarda com ciúme a liberdade”. Alguns regimes ou segmentos comunistas reivindicam, indevidamente, o legado do filósofo, economista e revolucionário alemão, que em 1842, aos 24 anos de idade, em artigo publicado no jornal “Rheinische Zeitung” registrou esta pérola: “A imprensa em geral é a consumação da liberdade humana”. Sobre o efeito de pôr a imprensa sob a tutela do Estado, que é o que querem esses ultrapassados “arautos da democracia”, denunciou Marx: “O Governo ouve somente sua própria voz; sabe que ouve somente sua própria voz; entretanto, tenta convencer-se de que ouve a voz do povo”. Precisa dizer mais alguma coisa?
Para concluir o artigo, fico com Emir Sader, sociólogo e cientista político da USP, que diz só existir um tipo de imprensa – a privada! A outra, não é imprensa, é órgão de propaganda de governo. Veja Joseph Goebbels, aquele do nazismo.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.