Quem se atreve e tem compromisso de assinar crônicas semanais, invariavelmente sempre anda a cata de temas nas manchetes dos jornais e no cotidiano das pessoas através de suas histórias e estórias.
Nem sempre estamos inspirados ou com vontade de escrever, imaginem então buscar o tema e desenvolvê-lo quando estamos apossados desses dois sentimentos. O grande Zuenir Ventura, Jornalista e Escritor, asseverou sobre essa tarefa: “Escrever não é bom, bom é ter escrito, ler depois o que escreveu e gostar do que escreveu”.
Pois bem, uma crônica assinada por Luiz Fernando Veríssimo, que dispensa adjetivações, veiculada em vários jornais e revistas do País, intitulada: “Tia Peregrina”, motivou-me a falar sobre personagens que viveram por aqui lá na longínqua década de cinqüenta. Para quem ainda não leu, a tal de Tia Peregrina, parente de Veríssimo, costumava visitá-los, permanecendo sempre muito mais tempo do que anunciava, originando um chavão, até hoje utilizado na família e também por amigos, que jamais tiveram algum contato ou mesmo conheceram a tal Tia Peregrina. Alguém que se atrasa para qualquer compromisso ou se fica, ouve um sonoro: “Vamos Tia Peregrina”.
Para colocá-los na época do surgimento da expressão, titulo desta crônica, convido-os a viajar até a bucólica Santa Vitória do Palmar, no extremo sul do Brasil, á época com mais de 80% da sua população, vivendo do setor primário e morando na campanha. Proprietários rurais, os pais de Assis atendiam as demandas familiares na área de saúde em Porto Alegre, capital do Estado e distante quinhentos quilômetros.
Na metrópole, utilizavam a residência de uma querida tia minha, Maria Amaral Bainy (Fifa), como base, fato muito corriqueiro naquele tempo. A casa ficava no Bairro da Azenha, movimentada zona de comércio, com um trânsito intenso e muito barulho, tudo diferente do que Assis e sua progenitora estavam acostumados lá na fronteira, onde imperava o silêncio e a tranqüilidade.
A cada barulho diferente, particularmente das buzinas, já muito usadas naquela época, a mãe do menino imediatamente lhe ordenava: “Vai ver quem é Assis”. O mesmo corria até o portão da casa e voltava frustrado e dizia a sua mãe que não havia ninguém. Com o tempo foram se habituando a rotina da grande Cidade e conseqüentemente aos seus incessantes ruídos. Ficou como lembrança a expressão: “Vai ver quem é Assis”, usada até hoje por muitos, a maioria sequer sabe quem é Assis, menos o que lhe era mandado ver.
Retornei, neste último dia 13 de janeiro de 2013, à bucólica e paradisíaca Praia da Capilha, localizada às margens da Lagoa Mirim, no Distrito do Taim, Município do Rio Grande.
Junto com familiares e amigos, passamos um domingo maravilhoso, desfrutando a segurança do local para a prática de esportes náuticos e confraternização. A surpresa foi o grande número de pessoas que tiveram a mesma iniciativa e para lá se deslocaram, fazendo com que a praia recebesse em torno de duas mil pessoas.
Distante 70 quilômetros do centro de Rio Grande, com dois acessos pela BR 471, que precisam de algum cuidado mais efetivo, a Praia da Capilha já faz por merecer das autoridades municipais e estaduais uma atenção mais abrangente com relação à disponibilização de uma infraestrutura mínima, inclusive, no tocante a instalações sanitárias, entre outras. E placas orientadoras e sinalizadoras com todas as informações atinentes a uma utilização racional e preservadora do meio ambiente
A atração turística do local, da qual origina o nome da localidade, é a Capela de Nossa Senhora da Conceição, que teria sido construída pelos espanhóis no ano de 1785 e reconstruída em 1844. Atualmente em condição precaríssima e fechada, a histórica Capela tem projeto de restauro já feito pela Universidade Federal do Rio Grande, faltando a obtenção dos recursos para a sua recuperação, que anda por volta dos dois milhões de reais, tema para o qual também chamo a atenção neste artigo.
Para se ter uma ideia do esquecimento do local, consta no informativo da Secretaria de Estado do Turismo do Rio Grande do Sul, a seguinte informação: “Toda a beleza da Lagoa Mirim pode ser admirada na Praia da Capilha, no entorno da Estação Ecológica do Taim. Não há infraestrutura de restaurantes e sanitários. Acesso pela BR 471, próximo ao posto da Brigada Militar. No local há uma antiga igreja e uma bucólica praça”. Óbvio que esta informação precisa ser atualizada, em função de iniciativas modestas, proporcionadas por particulares e pela própria administração do local, mas que estão longe das necessidades prementes, considerando, particularmente, tratar-se de área de preservação nacional.
Pretendo, na condição de cidadão aficionado pelo local, onde inclusive acabo de adquirir um terreno, buscar através de campanha comunitária chamar a atenção das autoridades à nossa Praia da Capilha, colaborando para a criação de um grupo de pessoas, moradores e frequentadores, que instrumentalizarão as ações necessárias ao aqui proposto. Os contatos serão mantidos através dos diversos meios de comunicação onde estou inserido, dentre eles o WWW.blogdoalfaro.com.br, o Nativa Debate (Rádio Nativa AM 740) e o Semanário “Folha Gaúcha”.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.