Todos são unânimes, a Cidade do Rio Grande é a bola da vez em termos de perspectivas concretas de desenvolvimento no sul do País, particularmente em função da implantação aqui do Pólo Naval.
Decisão estratégica do Governo Federal, levando em consideração as potencialidades naturais do nosso maravilhoso Porto, bem como o posicionamento do mesmo considerando-se a América Latina.
Seminários, estudos, palestras e projetos discutem como preparar a Cidade para fazer frente a toda a demanda, presente e futura. As conclusões invariavelmente são as mesmas, não estamos preparados para tanto, falta estrutura viária, de apoio e, principalmente pessoas para atender as vagas criadas diariamente.
Ora, sem querer esgotar o tema num artigo, afirmo que em lugar algum que tenha vivenciado desenvolvimento existiam pré-requisitos para tal. O desenvolvimento é a causa e o efeito de todas essas excelentes oportunidades e grandes desafios.
Sobre o tema, nesta semana palestrou na Câmara do Comércio local o Presidente da FIERGS, Empresário Heitor José Müller, que discorreu a respeito dos gargalos impostos pela falta de investimento na infra-estrutura, da inadiável reforma tributária e também sobre a cultura nacional de lamentar, reclamar e chorar.
A respeito do cenário nacional e regional, o Dr. Müller deixa-nos para reflexão uma máxima de Shakespeare: “Nós comemoramos muito pouco o que temos e lamentamos muito o pouco que nos falta”, enfatizando que questões ideológicas devem ficar no campo político, defendendo em alto e bom som as parcerias publico-privadas para o equacionamento dessas questões prioritárias, como as relacionadas à logística.
Reparo em muitas das nossas lideranças empresarias uma preocupação desmedida com o que precisa ser feito, desprezando ou não vislumbrando as enormes oportunidades que nos são disponibilizadas em casa, nas nossas barbas. Os espaços estão aí, pululando, só os fortes e corajosos vencem em cenários de extrema competitividade.
Para confirmar o mar de oportunidades e a importância que todos estão dando ao tema, Lasier Martins, consagrado jornalista do Grupo RBS, também esteve por aqui nesta semana com o seu “Debates do Rio Grande”, onde a reflexão proposta foi: “O momento que Rio Grande está vivendo é único. Já os desafios que ele cria são muitos”. Precisa falar mais?
Por mim, os vendedores de lenços estão com os seus dias contados, fico com o descortino do Dr. Heitor Müller e do Lasier Martins.
Para muitos tratar sobre a velhice é um tabu, particularmente aqui no Brasil onde não temos a cultura de valorizar e respeitar esse estágio da vida. Só para termos uma idéia, os velhos hoje representam 10% da população brasileira, algo em torno de 20 milhões de pessoas.
O desenvolvimento social e econômico do país contribui de maneira decisiva para que tenhamos números de nações do primeiro mundo no tocante a longevidade, já que tivemos acesso aos recursos já disponibilizados ha muito pelos países desenvolvidos. Inclusive, com a criação do Estatuto do Idoso em 2003, a situação vem melhorando, tanto que já temos o fornecimento pelo Estado de medicamentos indispensáveis a manutenção da saúde dos idosos.
Historicamente, primeiro vieram as melhorias nas condições sanitárias, a descoberta de vacinas, a invenção dos antibióticos e dos recursos para combater doenças como o diabetes, os males cardíacos e alguns tipos de câncer. Todos esses avanços resultaram na adição de anos na expectativa de vida da população. Agora está em curso um novo e revolucionário capitulo da ciência da longevidade.
Pois bem, cientes do tratamento que dispensamos aos idosos aqui no país, nosso grande desafio e compromisso é com a reversão desse quadro, é com a inserção dessa categoria no mercado de trabalho compatível com a sua idade e também na sua inclusão social, promovendo o sentido da sua existência.
Devemos perseverar no sentido de proporcionar qualidade de vida e felicidade aos que estão vivendo mais. Nas últimas três décadas a expectativa de vida aumentou 11 anos no Brasil, fazendo com que o aparecimento de doenças típicas da idade também começasse a surgir, hoje, entre 10 e 25 anos depois do que surgiam em gerações passadas.
Algumas culturas historicamente respeitam e cultuam a velhice, os orientais em geral e os japoneses em particular, têm essa característica. O segredo, além do reconhecimento à sabedoria e a experiência, é o fato de haver muitas atividades voltadas para pessoas de idade mais avançada, fazendo-as terem motivos toda a semana para continuarem vivas.
Convivo com muitos idosos e para tal situação estou me encaminhando, portanto recomendo a todos que façam a sua parte no processo. Os mais jovens que incluam os velhos nas suas rotinas convidando-os para atividades, visitando-os e dando-lhes atenção. Já aos velhinhos a proposta é que aceitem a velhice como uma dádiva, que reajam ao isolamento e a discriminação, buscando encontrar prazeres adequados as suas condições físicas, intelectuais e de saúde.
O titulo deste artigo é uma frase que me foi dita pela senhora Edith Cuchiara, minha vizinha, viúva do amigo José Cuchiara Filho, que faleceu neste ano aos 95 anos. Advogado militante, motorista habilitado e praticante do esporte das bochas, o Sr. Cuchiara foi exemplo perfeito de homem que viveu plenamente até o último dos seus dias, exercendo todas as suas atividades pessoais e profissionais, feliz, independente e participativo, ao lado da sua querida esposa, atualmente com 92 anos.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.