A região sul do estado do Rio Grande do Sul, em função da instalação do Polo Naval em Rio Grande e, mais recentemente, do Estaleiro da EBR em São José do Norte, continua vivendo momentos de grande expectativa empolgação, fruto dos vultosos investimentos já alocados e da perspectiva de novos empreendimentos, que preveem, por exemplo, novos estaleiros nessa esteira desenvolvimentista.
Entendo ser a oportunidade de recuperação da economia de toda a região, em depressão desde o início do século XX, não obstante, tenho uma grande preocupação com a falta de mão de obra especializada para atender as demandas e a inexistência de uma política para cobrir esses gargalos. Instituições não faltam, iniciativas e recursos, pelo que divulgam, não são problema. Então, onde se concentraria essa preocupação?
Explico: Com todo esse marketing em torno da “redenção econômica”, da expectativa de dezenas de milhares de oportunidades de trabalho, são oferecidos à comunidade inúmeros cursos “profissionalizantes”, onde os conteúdos, pré-requisitos e carga horária, não se coadunam com a demanda existente.
Como sempre, nas ondas de progresso surgem oportunidades para todos os segmentos, inclusive, aos “mercadores de ilusões”, que oferecem salários milionários, condicionados a determinados cursos, que não levam a lugar algum.
Falta uma coordenação que compatibilize de maneira séria os interesses dos profissionais da região às demandas das empresas que estão se instalando por aqui, com responsabilidade de fiscalizar, “com olhos de ver”, toda essa situação.
Temos Universidades/ Faculdades/Escolas Técnicas, públicas e privadas, além do SENAI e do SENAC, que ainda não estão dando conta de suas missões, constatação que faço por percepção de mercado e pelas reiteradas manifestações dos responsáveis por esses empreendimentos.
Somos pródigos em entidades representativas disso e daquilo e comissões improdutivas, que mais disputam espaços e beleza entre si, e pouco apresentam de concreto e permanente. Da minha parte, enquanto protagonista como dirigente do SINDILOJAS e da FECOMÉRCIO, onde assumo posição no próximo dia 1º de julho, levarei ao novo presidente, Luiz Carlos Bohn, convite para que venha a Rio Grande disponibilizar toda a nossa estrutura profissionalizante e de educação, através do SENAC e da Faculdade SENAC, e dialogar com todas as lideranças empresariais da região sobre a formatação de um diagnóstico que apurará novas demandas. Todos os agentes representativos do Comércio, da Indústria e dos Serviços, por conseguinte, estarão sendo instados a participar de forma democrática e propositiva, sem vaidades, menos donos da razão. A hora é de agregar esforços e lideranças, racionalizando tempo e recursos na busca dos interesses e objetivos comuns. Mãos à obra.
Nos próximos dias estará sendo homologado em Convenção do PDT e aliados o nome do jornalista Lasier Martins como candidato ao Senado da República. Esta é a maior novidade e também a mais rumorosa decisão em termos eleições de 2014, considerando tratar-se de um profissional que dedicou 53 anos da sua vida à comunicação, boa parte deles dedicados à crítica e à denúncia corajosa e desafrontada contra os mal-feitos em geral. Quase como um paladino da moral e dos bons costumes, Lasier tornou-se referência à cidadania e exemplo aos mais jovens.
Acumulando os maiores prêmios de jornalismo do Estado ao longo de sua exitosa trajetória é o recordista do reconhecido “Top of Mind” da Revista Amanhã como Comentarista de TV. O que poderia levar um homem realizado pessoal e profissionalmente, no auge da maturidade, onde as digressões e a cautela são priorizadas em detrimento das afirmações e ousadia, a enveredar pelo caminho nebuloso e comprometido da política partidária, e qual a opinião dos seus interlocutores, amigos e familiares? Fiz-lhe esta pergunta no Cultura Debate, nosso programa na Rádio Cultura Riograndina AM 740. Dentro da franqueza e sinceridade que lhe caracteriza, Lasier disse que muitos adjetivaram sua decisão como “tresloucada”. Discordo em gênero, grau e número de todas essas manifestações, a maioria motivada por questões afetivas e de proteção, como sempre ocorre nessas situações.
Em conversa informal durante a sua estada em Rio Grande, junto com outros amigos comuns, Lasier abriu seu coração e disse estar cansado e decepcionado com tudo que tem visto e sentido em termos de condução dos interesses públicos e do seu desalento, apesar do protagonismo midiático, em poder contribuir mais diretamente para uma mudança de cenário. Inclusive, que a gota d’água para essa decisão teria ocorrido durante os protestos populares de junho de 2013. Afirmou que peregrinará por todos os cantos deste Estado assumindo compromisso de defesa intransigente das bandeiras que sempre empunhou, além das demandas colhidas junto ao eleitorado gaúcho.
Encampei a candidatura de Lasier Martins pelo desapego, em termos de interesse pessoal, além dos desafios que esse gesto representa em termos de sacrifícios pessoais, para si e seus familiares. Já se constata em redes sociais a virulência de ataques à figura vertical e ilibada do candidato, tentando intimidá-lo. O efeito, como já constatei, é diametralmente oposto aos interesses dessa catervaconhecida e identificada ideologicamente, Lasier está literalmente com a “faca nos dentes”, na defesa dos seus ideais humanistas, dos seus projetos e sonhos. Encantará a sociedade rio-grandense pela clareza das propostas e objetividade das ações que propõe executar, buscando as parcerias e interlocuções que se fizerem necessárias para o cumprimento dos seus compromissos.
Proponho aos simpatizantes e admiradores de Lasier Martins que, independente de questões meramente partidárias, nos unamos em torno dessa proposta que representa efetivamente a “boa política”, propositiva, ordeira e corajosa, tal qual o que se dispuseram fazer as milhares de famílias que tomaram, espontaneamente, sem siglas ou ideologias, as ruas do Brasil no ano passado. Movimento que espertamente foi desencorajado pelos donos do poder, que através de Black Blocs e outros movimentos anárquicos, constrangeram e amedrontaram a iniciativa popular, roubando sonhos que, acreditem, são possíveis. Vamos outorgar nossas procurações para candidatos fichas-limpas, descompromissados com a velha e fisiológica política do “toma cá dá lá”, que tem nos levado a esse fosso escuro e mal cheiroso que consumiu R$700 bilhões com a corrupção endêmica que nos atinge, só nos últimos 10 anos. A decisão está em nossas mãos.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.