Respeitando as posições religiosas com relação a pratica da cremação, não restam dúvidas de que a incineração de um cadáver até reduzi-lo a cinzas é sob todos os pontos de vista a melhor solução para o destino dos mortos.
Temos os aspectos relacionados ao meio ambiente, a higiene, a saúde e até econômicos para defender essa prática, que é uma das mais antigas usadas pelo homem, com registros milenares da sua utilização, remontando a idade da pedra.
O fogo era considerado um Deus, e a partir dessa crença os povos acreditavam no seu poder de purificação, na proteção que exercia sobre o corpo contra os maus espíritos.
Para os gregos e romanos a cremação era considerada um destino nobre aos mortos, e o sepultamento, nos nossos moldes, era reservado apenas para os indignos e criminosos.
No Japão a prática é utilizada desde o advento do Budismo, há quase 1.500 anos, sob argumento de ser uma forma eficaz de controle de doenças e também pela racionalização do uso do solo, diminuto no país.
Feito este breve histórico sobre o tema, vamos refletir sobre quais motivos levam o Brasil a andar na contramão de outras nações, dando-nos o titulo de campeões em números de sepulturas e cemitérios, e porque a cremação não se populariza?
O primeiro aspecto a se considerar é o posicionamento da Igreja Católica, predominante no Brasil, que apesar de admitir a prática, desde que não for feita com a intenção materialista da negação da ressurreição dos corpos. Observem que só em 1963 o Vaticano reconheceu, em documento oficial, a cremação como prática de sepultamento, onde o ritual de despedida inclui o procedimento.
Mas não quero o debate religioso, quero registrar e neste tópico sim buscar discussão e reflexão, que apesar de todos os benefícios advindos com a cremação conforme expus acima, a prática continua sendo elitista, reservada aos economicamente mais privilegiados, pelo alto custo e poucos serviços colocados a disposição dos consumidores.
A resolução dessa equação deve ser buscada por nossas representações políticas, já que pelo cenário atual, restam aos pobres as despesas com funerais, incluindo até o badalar do sino, bem como se manterem “ad perpetuam” inquilinos do cemitérios, já que os jazigos perpétuos também são para poucos.
Em nome da natureza e da democratização da morte, clama-se por crematórios para todos, em locais e com preços mais acessíveis.
Ah! Como seria bom se pudéssemos definir onde nossas cinzas seriam jogadas, livrar nossos sucessores dessa trabalheira e despesas infindáveis sob o argumento de preservação da memória. Termos acesso, tal qual nosso ídolos a essa distinção, como o imortal Chico Anysio, que em testamento expressou que metade de suas cinzas fossem espalhadas em Maranguape-CE, sua terra natal, e a outra metade nos estúdios PROJAC, da Rede Globo.
Da minha parte, por enquanto, expresso que gostaria que minhas cinzas fossem lançadas de helicóptero, se as finanças permitirem, sobre a minha querida Cidade do Rio Grande/RS.
Vivemos a ebulição própria de um ano eleitoral, onde todas as possibilidades são cogitadas e, considerando o sistema político vigente quase tudo é possível, valem mais os interesses pessoais e de grupos, ficando num segundo plano os projetos e propostas.
Dentro desse cenário, observando a situação política da nossa Cidade do Rio Grande, onde não temos a perspectiva de segundo turno, as negociações desenvolvem-se num troca-troca de cargos, chegando ao cumulo de alguns partidos abdicarem de qualquer ideologia ou programa de governo, resumindo-se na pequenez da indicação de Vice-Prefeito, cargo que não está em disputa, tendo em vista estar vinculado ao do Prefeito.
Pois bem, o Partido dos Trabalhadores, desde o seu Manifesto de 10 de fevereiro de 1980, foi a única e grande novidade na política brasileira, assumindo compromissos com muita rigidez, acabando por caracterizar-se como uma agremiação sectária e radical, condição que vem se transmudando ao longo do tempo, especialmente após a assunção ao poder.
Muitos vêem esse pragmatismo e flexibilização, que hoje são marcas do PT, como avanço e condição para poder governar, discordo, creio que falta sinceridade a alguns petistas para fazer e dizer o que disse FHC, em situação similar: “Esqueçam tudo o que disse”.
Como entender e justificar esse arco de alianças fisiológico que administra o Brasil, onde tem bancada de todo o tipo e interesse, da extrema direita à extrema esquerda, se é que esses parâmetros ainda sobrevivem; onde são enxergadas mais as soluções do que os impedimentos, bem dentro da máxima de Maquiavel, onde os fins justificam os meios.
Tempos atrás, em conversa com lideranças petistas, fui inquirido sobre como víamos a possibilidade de uma aproximação política, afirmei-lhes que da minha parte, apesar de liberal, nada a opor, por entender que as discussões, respeitando as ideologias, podem avançar em termos programáticos, onde existem inúmeras convergências. Mas argumentei que existia um impedimento, a primeira vista desconhecido por meus interlocutores, fixado por uma resolução aprovada no Quarto Congresso Extraordinário do Partido dos Trabalhadores, datada de 4 de setembro de 2011, que determina: “Como já foi dito, mas vale enfatizar, nosso objetivo é ampliar fortemente a presença do PT e seus aliados no comando dos municípios brasileiros e nas Câmaras de Vereadores (as), especialmente as capitais e as cidades com mais de 150 mil eleitores. Nossos adversários serão as agremiações que representam o bloco conservador, formado pelo PSDB, pelo DEM e o PPS, com os quais não faremos chapas”.
Esta é a história, este é o PT, partido que chega aos 32 anos ainda preconceituoso e imaginando-se acima do bem e do mal, com se vestal fosse. Segue a vida, a política é dinâmica, desejo que o eleitorado em geral esteja atento ao “canto da sereia”, onde o eleitor só vale pelo voto e no dia da eleição. Depois, bem ai é depois...
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.