Nossas vidas giram em torno de interesses, sejam eles pessoais, financeiros, familiares e amorosos, entre outros. Mas isso não significa obrigatoriamente algo negativo, muito pelo contrário, é natural, desde que esses interesses sejam buscados de forma ética, respeitosa.
A máxima de Maquiavel de que os fins justificam os meios, muito utilizada na política brasileira, deve ser combatida ali e também nas demais relações e negociações realizadas, a receita é que devamos sempre considerar se os nossos benefícios não resultem em prejuízos as outras pessoas.
Desejo nesta abordagem promover a reflexão sobre o quão importante é que sejamos interessados sem sermos interesseiros, e de que essa diferença de atitude não é só uma questão de interpretação léxica, muito menos dos sufixos que diferenciam as duas palavras, mas sim de comportamento e postura.
Impõem-se, considerando-se as relações comerciais, termos bem claro o quanto é tênue essa margem que diferencia o interesse e a intenção legítima, das falsas e hipócritas ações meramente interesseiras.
Tenho pessoalmente investido nos bons relacionamentos, tanto empresariais como pessoais, entendendo que não se chega a lugar nenhum sozinho, e nessa troca tenho ocupado as duas posições com igual satisfação, tanto ao ajudar com ao ser ajudado, perseverando para que esses interesses sejam sempre límpidos e transparentes, sem surpresa para qualquer um dos protagonistas.
Não vejo nada de errado em uma pessoa querer criar, desenvolver e manter uma rede de relacionamentos baseada em interesses. Assim é a vida, conforme já frisei, desde que o homem resolveu viver em sociedade, exorcizando os proveitos e as vantagens indevidas, interesseiras.
Um amigo, certa feita, garantiu-me: “amizade sincera, sem qualquer interesse”, rebati-lhe argumentando que absolutamente todos os relacionamentos possuem interesses, e que só o fato de destinguir-me como amigo, já demonstrava o interesse que ele tinha pela felicidade que as amizades proporcionam. Refletiu por instantes e imediatamente abriu um enorme sorriso, generoso e puro, e arrematou: “Realmente, tens razão, a tua amizade me é muito cara”. Assim entendo os interesses e as amizades.
Tenho dedicado boa parte da minha vida ao estudo e prática da atividade política, na primeira situação fazendo um curso presencial de pós-graduação em direito político, na Unisinos, em São Leopoldo-RS, na outra exercendo mandato de Vereador por seis anos aqui em nossa Cidade, além de manter filiação partidária desde que me tornei eleitor.
Esse preâmbulo não tem como motivação chancelar as minhas opiniões e criticas como definitivas, acertadas, muito pelo contrário, exponho essa trajetória para me reafirmar como um operário das relações humanas, em constante aprendizado nas questões que envolvam a representação política e as situações que digam respeito à gestão pública.
Tanto que corroboro com a opinião publica generalizada, entendendo a realização de eleições como oportunidade para se rever mandatos, outorgar novas procurações.
Temos, mais do que nunca, informações pormenorizadas a respeito das ações dos nossos prefeitos e vereadores, disponibilizadas através dos órgãos de comunicação, sempre vigilantes e informando a cidadania com os elementos básicos para o encaminhamento dessa definitiva escolha, que é o voto.
Tenho usado, nos diversos espaços midiáticos onde atuo alguns chavões com o sentido de alertar a cidadania sobre a importância de estar bem informado sobre a atuação de cada um dos eleitos, bem como de seus auxiliares, ver se cumpriram com os compromissos assumidos e se honraram a procuração e os vencimentos recebidos.
A palavra “Vereador” vem do verbo latim verear, que significa “zelar pelo sossego e bem estar dos munícipes” competindo-lhe propor e votar leis, fiscalizar e julgar atos dos prefeitos e dos colegas vereadores em determinadas infrações. Será que os nossos representantes atuais cumpriram coma as suas obrigações? Esse e outros questionamentos cada um dos eleitores deve se fazer, servindo a mesma dica com relação ao Executivo.
“Fazer o que precisa ser feito”, “Choque de Gestão” e “Quebrar paradigmas e contrariar interesses”, entre outros, são alguns dos chavões que fiz referência, e que devem servir de direção aos que desejarem submeter nomes e propostas às próximas eleições.
Constato que esse desgaste da atividade política é plenamente justificável, no entanto alerto para o perigo das generalizações, considerando ser indispensável sabermos separar o joio do trigo, já que o modelo político adotado por nós e este, não temos outro compromisso que não seja o de ler, ouvir, perguntar, investigar, sugerir, propor e escolher.
Tenho esperança de que possamos promover com tranqüilidade e acerto as mudanças que se fizerem necessárias, bem como referendar os que tenham andado bem nas suas missões e compromissos, reiterando que o voto é uma procuração, não uma moeda de troca ou barganha.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.