Com a globalização e a universalização dos meios de comunicação e controle tornam-se cada vez mais perceptíveis e visíveis os altos índices de corrupção, tanto na atividade pública como na privada. As duas são extremamente danosas ao conjunto da sociedade, já que os custos desses crimes são sempre arcados, direta ou indiretamente, pelo povo.
Vejam, recentemente no RS foi desbaratada uma quadrilha que fraudava o leite para obter vantagens econômicas, em detrimento, o que é mais grave, da saúde dos consumidores.
Esses fatos, essas denúncias e essas descobertas tornaram-se rotina no noticiário brasileiro. O escândalo de ontem é relegado a um segundo plano pelo de hoje, e o de amanhã fará o mesmo com o de hoje.
A impunidade grassa e compromete todo o tecido social, já que os criminosos de “colarinho branco”, privados e públicos, através de lacunas na legislação, manobras e estratégias de bons advogados, conseguem ficar longe das mãos da justiça.
O que fazer? Desencantar-se de tudo e de todos e enclausurar-se, procurando só cuidar e defender seus interesses pessoais, como faz boa parte dos homens e mulheres de bem desta Nação? Não, definitivamente não. O convívio em sociedade e a pratica da cidadania implicam no enfrentamento à corrupção diuturnamente, cotidianamente. Nos gestos e atitudes mais simples, no dia a dia, na defesa e proselitismo desses princípios éticos e morais ao seu redor, em todas as suas incursões como pessoa, como pai, cidadão, contribuinte, consumidor.
A corrupção no nosso País está endêmica e, como tal, ameaça todo o tecido social; os valores estão sendo desconsiderados em detrimento da modernidade e do consumismo desenfreado. Já enrraiza e se erradica através dos meios de comunicação e das redes sociais a glamorização do ter em detrimento do ser. Não serão leis, que são criadas diariamente e aos borbotões, que coibirão ou minimizarão o efeito nefasto e arrasador desses “malfeitos”, como define, parcimoniosamente, o neologismo petista.
A saída, por mais óbvia que possa ser, é pela educação, para que o povo seja independente, adquirindo desde os bancos escolares a condição de escolha, de seleção. Essa leniência e inapetência por saber das coisas, por importar-se além da cerca da sua casinha tem de vir do berço, da formação do nosso caráter e personalidade.
Lembrem-se, não há corrupção sem corrompido (agente público) ou sem corruptor (agente privado). Portanto, temos que exigir dos nossos representantes políticos, desde os Vereadores, bem próximos de nós, que cumpram com os seu dever maior que é acompanhar e fiscalizar os atos do Executivo. Que deixem de firulas e vaidades e exijam a prestação de contas e satisfações de tudo o que se faz e o que se gasta. Que tenham a percepção e a grandeza de, efetivamente, “Ver a dor” dos seus representados, dos seus eleitores. Exigir e também agir com transparência, e adotá-la como valor inalienável.
Dias atrás assisti na televisão uma pregação do Pastor Evangélico Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, que conta com 3,5 milhões de adeptos no Brasil. Minha condição de comunicador recomenda acompanhar todos os movimentos sociais para que tenha condições de posicionar-me, com algum conhecimento, nos espaços midiáticos onde atuo.
Na ocasião, o líder evangélico lançou as bases da Manifestação Pacífica em Brasília, onde, entre as pautas, me alio a duas: a Liberdade de Expressão e a Liberdade Religiosa. Considero que as outras pautas são dogmáticas e visam mobilizar o povo evangélico, ao qual não me incluo.
Resolvi escrever e apoiar este movimento, o primeiro com grande mobilização popular sobre o que vivenciamos no País, considerando a nossa frágil e sempre vulnerável democracia. Refiro-me, particularmente, sobre as inúmeras tentativas de regular a mídia e desmoralizar o judiciário, para o acobertamento e favorecimento de iniciativas pouco republicanas de congressistas e do governo federal, patrocinadas através do Partido dos Trabalhadores.
Martin Luther King imortalizou a frase: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”. Modéstia a parte é também a minha preocupação, daí achar extremamente oportuna esta iniciativa do Líder Evangélico, que na sua fala alertou aos que covardemente se omitem dessas questões, acreditando estarem livres de suas consequências, que estão redondamente enganados, mais cedo ou mais tarde serão alcançados pela serpente ditatorial.
Malafaia convidou a esse evento as maiores lideranças evangélicas do Brasil, entre eles Edir Macedo e Valdemiro Santiago, seus adversários na captura de fiéis e nos negócios, bem como todas as lideranças religiosas, criando na manifestação o sentido ecumênico, também elogiável, levando em consideração a defesa intransigente do Estado Democrático de Direito, na sua plenitude.
O próprio Papa Emérito Bento XVI, em carta de outubro de 2010, defendia um maior protagonismo da Igreja frente aos problemas contemporâneos: “Num tempo difícil de crises e conflitos intensificados pelo fenômeno cada vez mais extenso da globalização, as religiões são chamadas a realizar a sua especial vocação de serviço à paz e à convivência”. Portanto, os recados estão dados, independente de credo, existem muitas outras questões que nos unem, a cidadania é a principal. Todos, dia 5 de julho de 2013, quarta-feira, 15 horas, em frente ao Congresso Nacional, é o inicio dessa marcha em defesa da democracia.
Primeiro esclarecer que o falecido Presidente Hugo Chávez, da Venezuela, foi quem, sob a égide do petróleo, criou mais esse neologismo que agora tem como seguidores ou simpatizantes governantes da Bolívia, Equador, Argentina, Uruguay, Brasil, e, obviamente, a própria Venezuela, Meca dessa esclerosada “novidade”.
Tido como “ideologia”, o tal Movimento Bolivariano tem entre suas ideias a promoção da educação pública gratuita e obrigatória e o repúdio à intromissão estrangeira nas nações americanas e à dominação econômica, propondo a união dos países latino-americanos. Se fossem sinceros, esses pressupostos contariam de imediato com a minha adesão. Melhor, quem se oporia a tal elenco de propostas?
Para melhor entendimento dos que ainda não se ocuparam em tentar entender essa “revolução”, vamos a uma rápida discrição do inspirador desse movimento, o venezuelano Simón Bolívar, denominado de “O Libertador”. Filho de família ilustre e abastada de fazendeiros de origem espanhola, foi militar e político. Nascido no dia 24 de julho de 1783, em Caracas, não tinha qualquer relação ou identidade com as populações originárias da América, os ameríndios, ascendentes de Chávez e Morales, entre outros.
Com formação obtida com grandes professores e orientadores, que lhe passaram princípios sólidos de amor à liberdade e a justiça social, Simón Bolívar buscou na própria Espanha a complementação do seu substrato intelectual e político que o tornaram o protagonista de grandes lutas e iguais conquistas.
Na “Carta da Jamaica” de 1815, ele defende a criação de uma “Confederação Hispano-Americana”, anteriormente pertencente ao Império Espanhol, tendo como embasamento o passado histórico comum, mesmas instituições, a prática do catolicismo e a língua espanhola. Nesse contexto, o Brasil e os EUA, embora americanos, não estavam contemplados. Para fortalecer esta minha observação de desencontro entre o que propunha Bolívar e o que se vê hoje proposto por seus pretensos seguidores, uma frase do Libertador, na tal Carta da Jamaica: “Eu desejo, mais do que qualquer outro, ver formar-se na América a maior nação do mundo, menos por sua extensão e riquezas do que pela liberdade e glória”.
Quando afirmo que todos esses ditadorzinhos de plantão, na realidade, querem é ressuscitar o comunismo, moribundo ainda em Cuba, na Coreia do Norte e no Afeganistão, cada um ao seu estilo e para as suas plateias. Alguns mais descarados colocam o Estado, cada vez maior e intervencionista, a serviço de seus partidos e interesses, desconsiderando constituições e a independência entre poderes. Concomitantemente, intimidam, constrangem e censuram os órgãos de imprensa e comunicação.
Por aqui, neste nosso Brasil, sem qualquer referência ao Bolivarianismo, por motivos óbvios, o movimento anda de forma dissimulada, pelas beiradas, mas constante e crescente. A “serpente” se movimenta em todas as direções, célere e venenosa, bom não descuidarmo-nos.
O Brasil não é a Dinamarca, longe disso. Com história milenar, a Monarquia Constitucional Dinamarquesa é detentora de quase todos os títulos de desempenho como nação e sociedade, tais como o menor índice de corrupção e a melhor e mais justa distribuição de renda.
Fruto dessa excelência, a Dinamarca alcançou o mais alto patamar também no financiamento do bem estar da sua população, cada vez mais generoso, proporcionando efeitos danosos à economia do país, reflexo da crise internacional que a todos atinge e também pelo alto custo para a manutenção dessas benesses.
Observem que da população ativa apenas 47% trabalham, o que é um absurdo, tanto que nos EUA esse percentual sobe para 65%. Não é problema de desemprego ou falta de oportunidade, é que por lá, com saúde e educação totalmente subsidiados pelo governo, aliados a um conjunto de outros benefícios também arcados pelos cofres públicos, criou-se uma camada expressiva de comodistas, que conseguem viver e fazer patrimônio sob a égide governamental, o que tem sido objeto de vigorosos debates no parlamento, tendo como polo das discussões a ética do trabalho no país.
A universalidade dos benefícios, independente da condição socioeconômica, onde os pais ganham cheques trimestrais do governo para ajudar no cuidado com as crianças e os idosos ganham empregada grátis, caso precisem, mesmo se forem ricos, tornou a conta impagável, mesmo na Dinamarca.
Não há possibilidade de qualquer comparação entre o Brasil e a Dinamarca, independente do quesito escolhido, mas podemos tomar como lição a discussão atual da sociedade nórdica, onde estão sendo reavaliados e revistos todos esses penduricalhos sociais, tanto sob o aspecto econômico como no comportamental. A conclusão de que muitos vivem literalmente na malandragem, sendo mantidos pela população economicamente ativa, os que produzem e trabalham e que têm o maior imposto sobre a renda do mundo, com 56,5% para os que ganham acima de 160 mil reais, no Brasil em média pagamos 27,5%.
Em síntese, mostro o paraíso dinamarquês sendo rediscutido e o nosso País nessa senda eleitoreira desenfreada de manutenção do poder a qualquer custo distribuindo, nos três níveis de governo, benesses a rodo, sem previsão de custeio e independente da condição econômica e social dos beneficiários. A raça ou etnia e a idade, só para citar dois segmentos, são obsequiados com programas e isenções que não se sustentam em parâmetros dignos e razoáveis de avaliação. Sempre, em qualquer parte deste mundo globalizado, alguém vai pagar a conta, não será diferente aqui no Brasil. Quem viver, verá.
O Rio Grande do Sul e o Brasil ainda estão perplexos com a divulgação, 24h atrás, do responsável pelo assassinato em série de seis motoristas de táxi, nas cidades de Santana do Livramento e Porto Alegre.
Pela exiguidade do tempo e por se encontrarem em andamento as investigações, quem se atreve a escrever sobre o fato corre o risco de cometer desatinos, não obstante, confesso que me atraem esses desafios, vou arriscar.
Com perfil no Facebook, 21 anos de idade, boa aparência, vindo de família de classe média, Luan Barcelos da Silva em nada se diferencia dos nossos filhos e dos amigos dos nossos filhos. Essas características fazem com que os formadores de opinião, entre os quais me incluo, fiquem fazendo todo o tipo de conjectura sobre o que levaria um jovem, sem os pré-requisitos convencionais, a cometer tamanha barbárie.
Sabe-se que foi criado pelos avós, que mentia sobre a sua formação cultural e que foi excluído do Exército, quando prestava serviço militar, por indisciplina, e que não tem antecedentes criminais. Nota-se que se precisássemos classificar estes “pecados”, todos ficariam entre os veniais, pela sua desimportância.
Com relação aos assassinatos em série, também os EUA lideram as estatísticas, com 5% da população mundial, a nação mais poderosa do mundo produz 84% de todos os casos conhecidos na tipologia, o que a meu ver deve-se mais à competência da sua polícia em esclarecer crimes do que outra dedução qualquer. Lá são desvendados de 80% a 90% dos crimes praticados e aqui no Brasil, apenas 8%, sendo que os esclarecidos através de investigações perfazem 2% dos casos. Esses números falam por si mesmos.
No caso em discussão, o criminoso enquadra-se na categoria dos desorganizados, já que não teve preocupação alguma em esconder a autoria, tanto que os telefones celulares roubados das vítimas foram distribuídos e continuaram sendo usados por familiares do assassino e por ele próprio, o que representa, sem tirar o mérito do trabalho policial, uma confissão explicita.
Além da covardia repugnante de ter matado pelas costas, com tiros fatais na cabeça todas as vítimas indefesas, a justificativa de que o objetivo dos latrocínios era o de saldar pequenas dívidas deverá ser esclarecida nos próximos dias. É inconcebível, considerando as condições intelectuais do bandido que ele fosse buscar no extermínio de taxistas, profissão de parentes seus, recursos para fazer frente a esses tais compromissos, tanto que apurou com toda essa chacina menos de mil reais.
Claro que nas próximas horas serão descortinadas algumas razões, não para explicar os crimes, mas para tentar entender o que pode levar um ser humano a tamanha crueldade. O médico do Instituto Psiquiátrico Forense (IPF) de Porto Alegre, psiquiatra Miguel Adad, sobre o fato, disse: “Aqui temos diversos pacientes que cometeram crimes com uma frieza emocional terrível, mas eles praticaram um crime. Essa sequência de seis assassinatos chocou”.
O mais lógico é atribuir toda essa barbárie a um provável perfil psicopatológico do assassino ou tentar amenizar com quadros pretéritos na vida do assassino, tais como abandono, maus tratos ou abuso sexual. Fico com a constatação a que chegou Maquiavel, lá por volta de 1513, coincidentemente há exatos 500 anos, quando afirmou: “O homem é mau por natureza”. É duro, mas é o que se constata em quase todas as incursões humanas, onde o mais importante do que ser é parecer. O serial killer da fronteira parecia ser um bom moço.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.